Hoje assisti uma reportagem sobre uma pizza que existe em NeW York. O pedaço custa cinco dólares e na chamada a reportagem dizia que se tratava da melhor pizza do mundo.
Fiquei muito curiosa e mesmo atrasada para retornar ao trabalho decidi sentar e assistir. O mundo poderia parar um segundo e eu com a chave na mão, poderia sentar cinco minutos no sofá e saborear a notícia.
Lógico que sentei, descrente. Fiz questão de esperar só para comprovar que se tratava de um exagero e com certeza mais uma jogada de "marketing" (depois explico o apóstrofe).
Pois bem, a reportagem começou mostrando o local. Tratava-se de uma portinha de madeira velha em um bairro simples onde as pessoas derretiam em um calor de 40º e chegavam a esperar 1h00 por um pedaço de pizza que pagariam R$ 9,00 reais.
O lugar era feio, sem conforto, sem nenhum atrativo visual, sem nada que pudesse dizer que ali seria possível comer algo bom, imagine comer o que havia de melhor no mundo.
Minha curiosidade aumentou quando um senhor sorridente, se considerando o homem mais sortudo disse que conseguiu seu pedaço de pizza em 50 minutos e que os 05 dólares pagos não eram nada. Fosse 20 dólares, tivesse que esperar 02 horas, ainda assim ele queria a pizza.
Impressionante o que aquelas pessoas suadas, de pé esperando a mais de uma hora faziam ali por um pedaço de pizza e nenhum deles mal humorado, nenhum deles se sentindo um cliente ofendido, mal atendido, nenhum deles esbravejando com o rapaz que saia da pequena cozinha e calmamente cortava e distribuia os pedaços de pizza , de acordo com uma lista de chegada religiosamente respeitada.
Pela tv (infelizmente tv não reproduz cheiros) não deu pra ver nada de mais no pedaço de pizza que o senhor comia, pra ser sincera nem senti vontade.
Eu ia me levantando, vitoriosa por comprovar que se tratava de uma reportagem tendenciosa quando a repórter finalmente resolveu explicar o que havia de tão espetacular naquela pizza.
O segredo estava em um senhor de cabelos brancos, com idade avançada que, delicadamente preparava a massa com a mais fina farinha italiana, com o molho de tomate apurado calmamente em fogo brando, com a muzzarela de búfala da região italiana de onde o pizzaiolo tinha imigrado quando jovem, com o orégano em flor e o espinafre fresquinho picado na hora. Todos os ingredientes legitimamente italianos.
Mas não eram só os ingredientes que faziam daquela pizza a melhor do mundo. Era a magia em torno dela. A forma de preparo de cada pizza, com a calma de quem faz uma única pizza no domingo para a família. Os ingredientes colocados com calma, a pizza assada em um forno a lenha que muitas nonas tem no fundo de casa. O senhor que as confeccionava, alias, somente ele era pizzaiolo na pequena pizzaria, fazia tudo como se o tempo não existisse, seguindo rigorasamente as tradições aprendidas em casa com o compromisso de fazer a pizza não para esfomeados com tempo escasso e que comem sem sentir o sabor, mas, para pessoas que ansiavam pela sensação do sabor de comida feita para alimentar. Para ele, cada ingrediente tem seu tempo, cada fase de preparo tem que ser respeitada e não importava se estavam na cidade mais pulsante do mundo ou em uma vila italiana.
A pizza alimentava a alma daquelas pessoas.A mágica naquele pedacinho de New York era fazer com que o tempo parasse, fazer com que as pessoas esquecessem das agendas lotadas, dos contratos, dos negócios, do estresse da big Aple e ficar ali 01 hora aguardando para saborear a pizza preparada por um senhor que poderia ser o pai ou o avô de qualquer um que estava ali.
A mágica estava em fazer com amor independente de quem iria consumí-la.
Sai de casa com um pergunta; quero mudar os rumos da minha vida, quero ser uma profissional feliz; mas como faço para aprender a fazer pizza?
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